As forças armadas são vistas como algo bastante necessário para muitos países, no entanto, o investimento para manter a instituição é bastante alto.
No Brasil, a folha de pagamento dos militares é, em termos proporcionais, mais de três vezes maior que a vista nos Estados Unidos. Atualmente, 78% dos gastos militares brasileiros são destinados a pessoal da ativa, da reserva e pensões.
Dados do Portal da Transparência mostram que há 362.574 militares da ativa, 169.793 inativos e outros 235.416 recebem pensões de militares. Juntos, essas pessoas receberão R$ 77,4 bilhões, conforme previsão orçamentária de 2024.
Ao longo da história, alguns países resolveram deixar de ter forças armadas. É o caso da Costa Rica que optou pela abolição militar a partir de 1948 e permitiu ao país triplicar sua cobertura educacional e de saúde. A nação centro-americana também viu seu crescimento econômico ser impulsionado.
A extinção das forças armadas trouxe muito mais vantagens do que a imagem internacional de pacifismo ou a já conhecida estabilidade política alcançada em meados do século passado. Os benefícios dessa decisão agora são medidos diretamente em números, em um progresso alavancado pelo investimento social que aumentou depois de 1948, como conclui a pesquisa estatística e histórica desenvolvida por um instituto da Universidade da Costa Rica (UCR).
Os índices de bem-estar que mantêm o país acima da média latino-americana podem ser explicados em parte pelo crescimento do investimento na educação e na saúde depois da eliminação do Exército, aponta o estudo do Observatório de Desenvolvimento da UCR. O investimento social quintuplicou — passou de 2,6% do PIB para 13,4% — nos 25 anos posteriores à decisão implantada pelo presidente José Figueres.
No mesmo período, a Costa Rica elevou de 15% para 35% o investimento na educação e triplicou o número de escolas (2.610 em 1974). Também aumentou para 29% do PIB os recursos destinados à saúde e triplicou a porcentagem da seguridade social da população (66% em 1974), de acordo com dados coletados pelos pesquisadores Alejandro Abarca e Suráyabi Ramírez. Eles analisaram dados da base de história econômica do Centro de Estudos Latino-Americanos de Oxford e seguiram um método de “controle sintético” para precisar os efeitos atribuíveis à abolição do Exército.
O avanço na educação e na saúde, explicam, teve um impacto sobre a taxa de crescimento médio da economia, que foi de 1,33% do PIB antes de 1949 a 2,44% na segunda metade do século XX. “Esse choque é único na América Latina”, diz o estudo, que aponta a Costa Rica como o país com a segunda maior taxa de crescimento nesse período. Tal expansão sem precedentes coincide, acrescenta a pesquisa, com uma série de mudanças institucionais realizadas em grande parte graças à estabilidade política.
Mas a Costa Rica não é o único país sem forças armadas. Na Europa, o pequeno Liechtenstein optou pela abolição militar em 1868, quando seu exército era formado por 80 soldados. No entanto, a nação de pouco mais de 39 mil habitantes não está completamente indefesa. A Constituição afirma: “Todo aquele que for capaz de portar armas é obrigado a defender a pátria em caso de emergência até atingir a idade de 60 anos”.
Em Samoa, na Oceania, nunca houve força militar desde que o país foi fundado; contudo, existe uma pequena força policial e uma unidade de vigilância marítima. Esta unidade está equipada com armamento ligeiro e um navio de patrulha. De acordo com o Tratado de Amizade de 1962, a Nova Zelândia é responsável por assegurar a defesa militar do país.
Apesar de não ter uma força armada desde 1869, a Islândia é um país membro da OTAN. Anteriormente havia um acordo de defesa com os Estados Unidos, que deteve uma base militar entre 1951 e 2006; contudo, o acordo foi alterado, tendo os Estados Unidos se comprometido em assegurar a defesa armada (através da Força de Defesa da Islândia) sem ter uma força militar permanentemente estacionada no país. Apesar de não ter um exército, o país possui uma força militar expedicionária voluntária, um sistema de defesa aérea, uma guarda costeira militarizada e uma força especial dentro da polícia. Além disto, detém vários acordos de segurança e defesa com a Noruega, a Dinamarca e outros países da OTAN.
Andorra também nunca teve um exército ou ministério da defesa. Há séculos, apenas em situações excepcionais, convoca-se o Somatén, uma milícia popular formada por todos os chefes de família que têm entre 21 e 60 anos.
Já, o Panamá aboliu as suas forças armadas em 1990, ato confirmado através do voto unânime do parlamento em 1994 que alterou a constituição. As Forças Públicas do Panamá incluem a polícia, um serviço de patrulhamento das fronteiras, um serviço aeronaval e um serviço de proteção institucional, que detém alguma capacidade bélica.
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Fontes:
https://www.cnnbrasil.com.br/blogs/fernando-nakagawa/economia/macroeconomia/gasto-militar-com-pessoal-no-brasil-e-proporcionalmente-mais-que-o-triplo-dos-eua/
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/12/03/internacional/1543808543_748985.html
https://www.nzz.ch/schweiz/schweizer-armee-in-liechtenstein-ld.698861?_x_tr_sl=de&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt-BR&_x_tr_pto=sc
https://visitandorra.com/pt/informacoes-para-o-visitante/o-pais/curiosidades-sobre-andorra/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_pa%C3%ADses_sem_for%C3%A7as_armadas
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