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domingo, 5 de janeiro de 2025

O Sono Dos Pássaros Em Lugares Onde Não Anoitece


O sono é essencial para a saúde e qualidade de vida, porém, certos animais dormem de modo curioso. Para os pássaros, por exemplo, a forma mais comum de dormir é em pé, usando suas garras para ficar firmes em algum galho, normalmente em locais mais altos.

Algumas espécies apoiam somente uma pata no galho, aproximando a outra do corpo mantendo-os aquecidos.

Por se sentirem constantemente ameaçadas por predadores, alguns desenvolveram uma técnica para se manter em alerta, dormindo com um olho aberto e outro fechado, ficando em estado de sonolência. Ao mesmo tempo que descansam, eles estão preparados para fugir.

Muitos pássaros dormem com a cabeça escondida embaixo de uma das asas, como alguns fazem na gaiola, pois assim se sentem seguros e sem constantes ameaças de predadores.

Certas espécies migratórias, que passam dias voando, dormem parcialmente em pleno ar, com apenas um olho fechado. Eles entram em estado de sonolência para descansar, ao mesmo tempo, em que não precisam interromper o voo.

Há também aqueles que têm os pés firmemente fixados ao galho ou fio, flexionando os joelhos e ficando levemente agachadas. Enquanto as pernas estão flexionadas, os músculos dessa região ficam travados. Assim, o passarinho não consegue abrir e relaxar os dedos, portanto, não cai.

Somente quando a perna estiver esticada, ou seja, o passarinho estiver de pé, os músculos da perna permitem mexer os dedos. Assim, o passarinho dorme tranquilamente sem se preocupar em cair.

O sono das aves é comandado pela luminosidade, então, logo que o dia está clareando, a maioria das espécies desperta. Quando está anoitecendo, elas se recolhem para descansar.

Embora a maioria das espécies acompanhe essa rotina, os passarinhos de hábitos noturnos fazem o inverso. Isso porque eles são ativos durante a noite e precisam repousar durante o dia.

Mesmo ficando menos ativo durante a noite, isso não quer dizer que o passarinho dorme a noite toda. Há pássaros que dormem cerca de 40 minutos por dia, como as aves migratórias.

Entretanto, algumas espécies domésticas podem dormir até 12 horas por dia, mesmo que seja em intervalos intercalados. Elas não necessariamente dormem todas essas horas seguidas.

Além disso, a hora que o passarinho dorme e a duração da soneca também variam conforme a estação do ano. No verão, por ter mais incidência da luz solar, as aves dormem menos do que no inverno.

As horas de sono do passarinho em relação à estação do ano também estão ligadas ao controle da temperatura corporal. No frio, a posição de agachar, recolher a cabeça embaixo da asa ou aproximar uma das patas ao corpo são maneiras de se manter aquecido.

Nos últimos tempos, pesquisadores observaram que, com o crescimento das cidades, os hábitos dos passarinhos também mudaram. Com a urbanização e o consequente aumento dos barulhos de automóveis, máquinas e pessoas circulando, as aves estão acordando cada vez mais cedo.

Há lugares onde o sol não se põe por meses. Nessas condições, certas espécies dormem entre 21 horas e meia-noite, por esse período ser frequentemente mais frio e um pouco menos iluminado.

Para animais em latitudes mais baixas, a liberação de melatonina é desencadeada pelo início da escuridão.

No Ártico, os níveis hormonais podem ter aumentado devido à intensidade reduzida da luz neste período. Temperaturas mais baixas à noite inibem insetos, o principal alimento para muitos pássaros. Por isso, faz sentido para as aves dormirem nesse momento, mesmo que ainda esteja claro.

Referências:

https://www.petz.com.br/blog/especies/aves/passarinho-dorme/
https://thewire.in/science/circadian-rhythm-arctic-warbler-bunting-reindeer-superchiasmatic-nucleus

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

A Normalização Das Doenças Mentais E A Falta De Amparo


É cada vez mais comum pessoas precisarem de algum tipo de medicamento para poder dormir algumas horas de sono, ou para tratar doenças como depressão, ansiedade e outros tipos de transtornos mentais. Um dos maiores problemas que portadores destas doenças enfrentam, além dos sintomas, é atualmente a normalização patológica. As pessoas já começaram a se acostumar com o fato do transtorno de ansiedade se tornar corriqueiro. Já estão normalizando a situação e minimizando o problema. Não importa se está todo mundo doente, mais ansioso ou sofrendo com algum transtorno. Não faz diferença quem sofre mais ou menos, pois a doença está sendo vista como algo normal e isso é muito perigoso.

Existe uma quantidade muito grande de pessoas que desenvolveram quadros de ansiedade e depressão. Além daquelas que já tiveram esse problema antes da pandemia e, mesmo com a situação controlada, voltaram a ter crises mais frequentes e intensas. Há estimativa de aumento de 25% dos casos em todo o mundo, fato direto que expõe o adoecimento populacional. E isso tem agravado, principalmente, na saúde mental de crianças e adolescentes.

O despreparo da sociedade e até mesmo de parte de alguns profissionais da saúde traz ainda mais sofrimento quando esses resolvem achar que estão ajudando dizendo frases como: "você é forte", "você é jovem", "você tem tudo", "tem gente em situação bem pior". 

A exigência social de que a pessoa esteja sempre em sua melhor forma transforma oscilações emocionais naturais, como a angústia e a ansiedade, em problemas que precisam ser erradicados. Porém, esses sentimentos só constituem transtornos mentais quando se tornam incapacitantes para a pessoa durante um longo período.

A pessoa saudável é incapaz de compreender a intensidade e permanência do sofrimento do outro, pois a depressão que ela diz ter experimentado não foi da mesma maneira e intensidade. A consequência da banalização dos transtornos mentais, nesses casos, é o afastamento. O doente perde cada vez mais esperança de ser compreendido e fica isolado.

Enquanto o menosprezo social atua sobre as doenças mentais, o sofrimento cresce. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a principal causa de incapacidade no mundo é a depressão, com uma estimativa de mais de 300 milhões de doentes. Além disso, cerca de 60 milhões de pessoas no mundo sofrem com transtorno afetivo bipolar. Já a esquizofrenia afeta em torno de 23 milhões de pessoas em todo o planeta.

O relatório também mostra que uma pessoa comete suicídio a cada quatro segundos no mundo. Isso corresponde a 800.000 mortes por ano. Os dados são referentes a 2016 e o número é superior aos óbitos por malária, câncer de mama, guerra ou homicídio e significa “um sério problema de saúde pública global”. O suicídio é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo, atrás apenas de acidentes de trânsito. Há evidência que sugere que, para cada pessoa que morre por suicídio, há estimativa de que outras 20 pessoas tentam cometê-lo.

Além de tudo, existe ainda por parte do portador de transtornos mentais, a dificuldade em se manter empregado e até mesmo de conseguir algum benefício. É o caso de C.E., profissional do norte de Santa Catarina, demitido após ter sofrido uma crise de pânico na empresa em que trabalhava. Ainda que tenha se aberto com seu chefe e dito que já estava iniciando um tratamento, o desligamento foi inevitável. 

Mesmo com o laudo médico e psicológico apontando as doenças que o impediam de trabalhar, ainda assim, por duas vezes os peritos negaram o auxílio-doença, ignorando completamente a opinião do psiquiatra e da psicóloga. Agora C.E. se encontra sem condições de trabalhar, tomando medicamentos caros e sem um amparo do governo. O mesmo alega que a situação tem se agravado bastante com a atual situação e que pensamentos como morte têm surgido como "solução" para os seus problemas.

Referências:

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/setembro/na-america-latina-brasil-e-o-pais-com-maior-prevalencia-de-depressao

https://lacosfaesa.com.br/2022/11/04/a-normalizacao-das-doencas-mentais/

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Adolpho Lutz, Um Gigante Brasileiro


Hoje faz 169 anos que nasceu o médico e cientista Adolpho Lutz, um dos maiores nomes da ciência brasileira. Ele faleceu com quase 85 anos, em 6 de outubro de 1940. 

Dizem que seus olhos eram fixos no microscópio por dias inteiros, sem pausas. Mas que não se contentava com a vida no laboratório. Visitava as ruas. Fazia autópsias em série para tentar entender mortes misteriosas de pessoas. Arrumava tempo para pesquisar vírus e bactérias coletados pessoalmente em expedições pelo interior, até mesmo nas matas ou lagoas.

Entre o final do século 19 e início do 20, Lutz esteve diante de um período de epidemias nos centros urbanos precários e nas áreas rurais: as populações encaravam doenças como febre amarela, malária, cólera, tifo, peste bubônica e hanseníase.

No Instituto Bacteriológico em São Paulo, onde foi diretor até 1908, o cientista foi fundamental na investigação das doenças infecciosas e também para as ações de saúde pública. Ele demonstrou no Brasil a teoria de norte-americanos de que a transmissão da febre amarela era feita por mosquitos (aedes aegypti). Depois de 1908, Adolpho Lutz se transfere para o Instituto Oswaldo Cruz. 

“Lutz, por exemplo, encontra malária nas florestas, em mosquitos que se reproduziam na água de bromélias. A doença atingia trabalhadores de obras ferroviárias”, afirmou o historiador Jaime Benchimol, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em entrevista à Agência Brasil. 

Os pesquisadores explicam que a formação de Lutz na Suíça, país de origem de sua família, ajuda a compreender suas influências e feitos. Depois de nascer no Brasil, ele foi para a terra dos pais e só voltou em 1881, já como médico formado.

“Ele era muito versátil com qualificação em várias áreas da medicina experimental. Lutz tinha profundo conhecimento sobre as disciplinas biológicas e sobre o que estava despontando naquele período, que eram micróbios, parasitas, hospedeiros, tanto nos humanos como nos animais”, destaca o historiador.

Adolpho Lutz ainda enfrentou resistências de uma época que considerava que as doenças poderiam ser transmitidas, por exemplo, pelos gases da putrefação do ambiente (teoria miasmática). Os bacteriologistas derrubaram essa noção. Mas havia uma oposição da classe médica tradicional em relação às novidades que surgiam.

Foram mais de 300 trabalhos por Lutz, que desvendou doenças, apontou para evoluções da pesquisa e encaminhou formas de enfrentamentos. O cientista trabalhou até depois de ficar cego, nos últimos anos de vida. “Ele trabalhava com as incógnitas de forma incansável. Perseguia o que não se sabia. Depois que ele descobria, deixava a continuidade da pesquisa para os alunos”, afirma o pesquisador Pedro Federsoni Junior, que coordena o Museu do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. 

Outra investigação de vulto feita por Adolpho Lutz é sobre a hanseníase. O cientista chegou a visitar um leprosário famoso no Havaí e trazer os aprendizados para o Brasil.  

“Eu entendo que nós estaríamos muito atrasados se não fossem cientistas como Adolpho Lutz, Emílio Ribas, Oswaldo Cruz, Vital Brasil”, afirma Federsoni. A pesquisadora Silvana Calixto, também bióloga e museóloga do Instituto Adolfo Lutz, considera que se tratou de uma geração de cientistas arrojados, que não se contentaram em ficar atrás de um microscópio monocular da época.

“Eles iam a campo. Eles viajavam atrás dos focos da doença. Faziam análise do ambiente. Graças a eles, a febre amarela chegou a ser erradicada”, reitera a cientista que também cuida do Museu do Instituto Adolfo Lutz.

Essa geração de bacteriologistas foi responsável, por exemplo, por minimizar os danos da chegada da peste bubônica no Brasil. Ao lado de médicos como Bonilha de Toledo e Arthur Mendonça, Lutz (que era o diretor do Instituto Bacteriológico) e o amigo Vital Brazil estreitaram laços e compartilharam conhecimento.

Desde o início de 1899, havia notícia que a peste poderia chegar ao Brasil pelo Porto de Santos. Por lá,  chegavam mercadorias e também imigrantes. Assim que foi constatada a peste em outubro, Lutz foi para Santos e se juntou na trincheira contra a doença. “Esse episódio em Santos foi uma das mais importantes batalhas que travaram juntos. Foi controlada a doença a partir do diagnóstico e isolamento de pessoas contaminadas. São Paulo foi um exemplo desse controle”, diz o pesquisador Érico Vital Brazil, coordenador de divulgação científica do instituto que leva o nome de seu renomado avô.

Érico leva em conta que esses cientistas tinham comportamento heroico de ir para a frente de combate às epidemias. “(Lutz) era uma pessoa eclética, com amplitude de atenção, preocupado em formar novos médicos e grande paixão pelo estudo”.

Ações preventivas, segundo o pesquisador, diminuíram a transmissão da peste bubônica, em um dos casos raros bem sucedidos no mundo. Foram 33 mortes no país em decorrência da doença. O pesquisador explica que eles levantaram uma bandeira de um conhecimento revolucionário. “Uma geração de cientistas que relacionou contextos como a pobreza e a falta de infraestrutura com o avanço de doenças. Eram pesquisadores que colaboraram muito entre si e que foram reconhecidos em todo o mundo”, afirma o pesquisador. O número de mortes por falta de higiene foi um grave problema da época.

Segundo os pesquisadores, Lutz tinha personalidade introspectiva e um humor sarcástico. Conforme o historiador Jaime Benchimol, ele não tinha paciência para o trato político, fazer acordos, como ocorria com Emílio Ribas. “Diferente do cientista de hoje, que é especializado em determinado segmento, Lutz tinha um olhar abrangente e uma capacidade de se especializar em diferentes áreas”. De acordo com Magali Romero Sá, a filha do cientista, a bióloga Bertha Lutz (1894-1976), que ficou conhecida pela luta feminista, tinha também uma personalidade semelhante. Para Silvana Calixto, do Instituto Adolfo Lutz, inclusive, a melhor definição do cientista veio da filha Bertha: “meu pai era médico de profissão e um naturalista de coração". 

Por outro lado, Lutz era atencioso com pacientes. “Tratava os hansenianos, por exemplo, com o maior carinho. A grande preocupação dele, tanto no Havaí quanto em um leprosário no Rio de Janeiro, era tratar essas pessoas com humanidade”, diz Silvana Calixto. Lutz tinha ainda comportamento antirracista em uma época de escravidão e também pós-abolição. De acordo com o pesquisador Pedro Federsoni Junior, Lutz, quando era chamado para atender pessoas escravizadas, exigia que os pacientes estivessem em camas com cobertas. “Outro fato relevante é que, em 1935, Adolpho Lutz foi receber um prêmio nos Estados Unidos e descobriu que se tratava de um evento com atitudes racistas. Ele foi acompanhado pelo assistente, Joaquim Venâncio, que era negro, a quem não foi permitido o ingresso. Lutz falou que só ficaria se o amigo e parceiro de trabalho permanecesse”. 

Essa parceria foi firme até o final da vida. Venâncio levava Lutz, sem visão, até a lagoa para buscar animais, principalmente anfíbios, para pesquisa e descrevia para o cientista os aspectos dos bichos. Ouviam o coaxar dos sapos e avaliavam juntos se aquela espécie serviria. O legado de uma vida incansável  e longeva foi e deve ser, segundo os pesquisadores, motivo de inspiração para os cientistas que vieram depois. Foi assim que os olhos do cientista nunca se fecharam. 

Fonte:

https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-12/adolpho-lutz-enfrentou-epidemias-de-forma-incansavel

domingo, 8 de dezembro de 2024

Um Comparativo Entre Estados Unidos E União Soviética


Em 08 de dezembro de 1991, Rússia, Ucrânia e Bielorrússia assinaram a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Por conta desta data, resolvemos fazer um resumo do que foi a disputa entre estadosunidenses e soviéticos.

Os Estados Unidos e a União Soviética foram aliados na luta contra a Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Após a vitória sobre os alemães, os antigos aliados se transformaram em adversários. Assim, com o término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, tinha início a Guerra Fria.

Os dois países jamais se enfrentaram num conflito militar direto, jamais se enfrentaram numa "Guerra Quente". Daí o conflito entre as duas superpotências ter recebido o nome de "Guerra Fria". Apesar de toda a hostilidade que havia entre as duas superpotências, os dois lados sabiam que uma guerra total, isto é uma guerra em que cada potência utilizasse todos os seus recursos, seria uma guerra sem vencedores e uma ameaça à própria continuidade da espécie humana no planeta. Afinal, o monopólio norte-americano da bomba atômica não durou muito tempo. Em agosto de 1949, a União Soviética detonou sua primeira bomba atômica.

Uma das principais características da Guerra Fria foi transferir os conflitos militares para áreas periféricas do mundo. Ou seja, norte-americanos e soviéticos se envolveram em guerras localizadas em outras partes do mundo como África, Ásia e América Latina. Exemplos dessas guerras foram a intervenção norte-americana no Vietnã, durante as décadas de 1960 e 1970, a intervenção soviética no Afeganistão, final dos anos 1970 a meados dos anos 1980 e o envolvimento direto ou indireto dessas superpotências em praticamente todas as guerras no Oriente Médio, especialmente a luta entre palestinos, apoiados pela União Soviética, e israelenses, apoiados pelos norte-americanos.

A rivalidade entre as duas superpotências tinha origem na incompatibilidade entre as ideologias defendidas por cada lado. Cada superpotência tinha um sistema político e organizava sua economia de modo diferente da outra. Enquanto os Estados Unidos defendiam o capitalismo, a democracia, princípios como a defesa da propriedade privada e a livre iniciativa, a União Soviética defendia o socialismo e princípios como o fim da grande propriedade privada, a igualdade econômica (uma sociedade sem ricos e pobres) e um Estado forte capaz de garantir as necessidades básicas de todos os cidadãos.

A disputa tecnológica entre os Estados Unidos e a União Soviética incluía a corrida espacial, que era também uma demonstração de poder: a potência que desenvolvesse uma tecnologia capaz de enviar um homem ao espaço também seria capaz de desenvolver mísseis nucleares controlados à distância. Os feitos de cada superpotência eram explorados pela propaganda de cada governo. Afinal, cada lado queria provar que seu sistema (capitalismo, no caso dos Estados Unidos, socialismo, no caso da União Soviética, era o melhor). Tanto os Estados Unidos quanto a União Soviética utilizaram, no início de seus programas espaciais, engenheiros alemães que trabalharam no desenvolvimento dos foguetes.

No início, quem tomou a dianteira na corrida espacial foi a União Soviética, que em 1957 lançou o primeiro satélite artificial, o Sputnik, e, no mesmo ano, a enviou o primeiro ser vivo ao espaço, a cadelinha Laika. Também foi da União Soviética o feito de enviar o primeiro ser humano a viajar pelo espaço, o ucraniano Yuri Gagarin (na época, a Ucrânia era uma das repúblicas que compunham a União Soviética), no dia 12 de abril de 1961.

O programa espacial norte-americano acabou superando o soviético: no dia 20 de julho de 1969, o astronauta norte-americano Neil Armstrong tornava-se o primeiro homem a pisar na Lua. Uma curiosidade: enquanto os norte-americanos chamavam os tripulantes de suas espaçonaves de astronautas, os soviéticos chamavam os tripulantes de suas espaçonaves de cosmonautas.

As disputas entre as superpotências aconteciam em diversas áreas. Nos esportes, por exemplo. Enquanto existiu, a União Soviética disputou 9 olimpíadas e venceu 6. Conquistou 395 medalhas de ouro e 1.010 no quadro geral, enquanto que no mesmo período o seu rival conquistou 373 de ouro e 874 no geral.

Outras diferenças:

Ao contrário dos Estados Unidos, o sistema de saúde unificado na União Soviética era público e gratuito. As pessoas simplesmente iam à Policlínica do bairro e eram atendidas. O serviço começou a declinar nos anos 80: faltavam material e suprimentos, mas nunca profissionais de saúde. Em 1985, a União Soviética tinha quatro vezes mais médicos per capita do que os Estados Unidos. 

Na década de 1980, os dois primeiros níveis de ensino eram compulsórios: o aluno começava na pré-escola, até os 7 anos, e depois ia para a secundária, até os 17. Aos 15, os alunos faziam um provão que determinava se continuariam na escola geral (dando acesso ao ensino superior depois de um segundo “vestibular” aos 17) ou se iriam para o ensino técnico. A educação era gratuita em todos os níveis, enquanto que no país norte-americano, apenas nos ensinos fundamental e médio não havia cobrança.

Em 1989, a União Soviética aparecia na primeira posição entre os países com menor desigualdade social, com 0,275 de índice. Já os americanos tinham o índice de 0,382.

Por sua vez, os Estados Unidos tinham em 1990 a 19ª posição entre os melhores índices de desenvolvimento humano. Os soviéticos apareciam na 26ª posição. Neste mesmo ano os norte-americanos também tinham o maior PIB do mundo, e a União soviética vinha logo atrás, na segunda posição.

Referências:

https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/guerra-fria-2-o-que-estava-em-jogo-no-conflito-entre-eua-e-urss.htm
https://en.wikipedia.org/wiki/Soviet_Union
https://fred.stlouisfed.org/data/SIPOVGINIUSA
https://hdr.undp.org/system/files/documents/hdr1990escompletonostats.pdf
http://rededoesporte.gov.br/pt-br/megaeventos/olimpiadas/as-edicoes
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-era-a-vida-na-uniao-sovietica#google_vignette
https://www.census.gov/programs-surveys/popest.html
https://www.theodora.com/wfb/1990/rankings/gdp_million_1.html

domingo, 1 de dezembro de 2024

A AIDS Na Atualidade


A AIDS (Sindrome da Imunodeficiência Adquirida) foi reconhecida em meados de 1981, nos Estados Unidos, a partir da identificação de um número elevado de pacientes adultos do sexo masculino, homossexuais e moradores de São Francisco ou Nova York, que apresentavam sarcoma de Kaposi, pneumonia por Pneumocystis carinii e comprometimento do sistema imune. Todos estes fatos convergiram para a inferência de que se tratava de uma nova doença, ainda não classificada, de etiologia provavelmente infecciosa e transmissível."

77,5 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV e 34,7 milhões de pessoas morreram de doenças relacionadas à AIDS desde o início da epidemia até o final de 2020.

A síndrome se caracteriza pelo enfraquecimento do sistema imunológico do corpo, com o organismo mais vulnerável ao aparecimento de doenças oportunistas, que são doenças que normalmente o corpo humano controla, mas que na presença do HIV elas se manifestam com maior frequência. Entre elas estão tuberculose, toxoplasmose ou alguns tipos de câncer. O próprio tratamento dessas doenças fica prejudicado com a presença do HIV no organismo.

O organismo humano reage diariamente aos ataques de bactérias, vírus e outros micróbios, por meio do sistema imunológico. Muito complexa, essa barreira é composta por milhões de células de diferentes tipos e com diferentes funções, responsáveis por garantir a defesa do organismo e por manter o corpo funcionando livre de doenças.

Entre as células de defesa do organismo humano estão os linfócitos T CD4+, principais alvos do HIV. São esses glóbulos brancos que organizam e comandam a resposta diante de bactérias, vírus e outros micróbios agressores que entram no corpo humano.

O HIV, dentro do corpo humano, começa a atacar o sistema imunológico ligando-se a um componente da membrana dessa célula, o CD4, penetrando no seu interior para se multiplicar. Com isso, o sistema de defesa vai pouco a pouco perdendo a capacidade de responder adequadamente, tornando o corpo mais vulnerável a doenças. Quando o organismo não tem mais forças para combater esses agentes externos, a pessoa começa a ficar doente mais facilmente e então se diz que tem AIDS. Antes, este momento marcava o início do tratamento com os medicamentos antirretrovirais, que combatem a reprodução do vírus. Na atualidade (desde 2014) a indicação é de iniciar o tratamento imediatamente após o diagnóstico.

Há alguns anos, receber o diagnóstico de AIDS, ou um resultado positivo para um exame de HIV, era uma sentença de morte. Mas, hoje em dia, é possível ser soropositivo e viver com qualidade de vida. Basta tomar os medicamentos indicados e seguir corretamente as recomendações médicas. Saber precocemente da doença é fundamental para aumentar ainda mais a sobrevida da pessoa. Os medicamentos atuais também garantem eficácia para quase todas as pessoas que desenvolveram AIDS.

Foto:

NIAID

Fontes:

https://brasilescola.uol.com.br/doencas/origem-epidemia-de-hiv.htm
https://giv.org.br/HIV-e-AIDS/O-Que-%C3%A9-a-AIDS/index.html
https://unaids.org.br/wp-content/uploads/2021/06/2020_11_19_UNAIDS_FactSheet_PORT_Revisada-Final.pdf

domingo, 24 de novembro de 2024

O Material Mais Tóxico Do Mundo


Amplamente utilizado para uma variedade de aplicações comerciais e industriais, desde a construção de telhas e materiais de cobertura de pavimentação até materiais de isolamento térmico, devido a sua força, forte resistência ao fogo e natureza flexível, o crocidolite - mais conhecido como amianto azul - é considerado o material mais perigoso do mundo.

Em 1964, o Dr. Christopher Wagner fez uma relação entre o amianto e o desenvolvimento de mesotelioma, um tipo de câncer que ataca o mesotélio – um revestimento que protege a maioria dos nossos órgãos internos. Depois dessa descoberta, foi uma questão de muito pouco tempo até ele ser proibido no mundo inteiro – ainda que, infelizmente, esteja presente em algumas estruturas mais antigas.

A inalação repetida ou prolongada pode causar asbestose (fibrose dos pulmões), placas pleurais, espessamento e derrames. Esta substância pode causar também cancro do pulmão, cancro da laringe, e cancro do ovário nos seres humanos.

Estima-se mais de 20 mil mortes ocasionadas por intoxicação de crocidolita, tornando-o, virtualmente, o mais perigoso do mundo.

Foto:

hypescience.com

Fontes:

https://chemicalsafety.ilo.org/dyn/icsc/showcard.display?p_card_id=1314&p_version=2&p_lang=pt
https://hypescience.com/minerais-mais-mortais-ja-extraidos/
https://www.minasjr.com.br/10-minerais-mais-perigosos/

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

A Arma Mais Poderosa Já Criada

Há exatos 63 anos a arma mais poderosa já criada pelo homem era testada pela primeira vez.


A Tsar Bomb foi uma bomba de Hidrogênio ou bomba termonuclear RDS 220 (também chamada de AN602), de fabricação soviética, detonada em caráter de teste em outubro de 1961. A arma gerou uma potência de 57 megatons, isto é, 57 milhões de toneladas de TNT (trinitrotolueno), dinamite convencional, ultrapassando o maior experimento com bomba de energia termonuclear de então, que foi o de Castle Bravo, realizado em 1954, no atol de Bikini, pelos Estados Unidos. A bomba do teste de Castle Bravo chegou “apenas” a 15 megatons.

É sabido que a criação da primeira bomba atômica (batizada de Trinity) pelo Projeto Manhattan, em julho de 1945 (bem como das segunda e terceira bombas (Little Boy e Fat Man), que foram lançadas pelos Estados Unidos sobre o Japão em agosto do mesmo ano), trouxe à humanidade a possibilidade real de sua autodestruição. Após a Segunda Guerra, cujo fim em grande parte deveu-se à tragédia de Hiroshima e Nagasaki, as duas superpotências, EUA e URSS, deram início à chamada “corrida armamentista”, que se caracterizou pela busca do desenvolvimento tecnológico aplicado à construção de armas nucleares. A construção de ogivas atômicas e a sua instalação em mísseis balísticos de médio e longo alcance deram a tônica da Guerra Fria e da disputa por zonas de influência geopolíticas.



Nesse contexto, a produção da arma nuclear mais poderosa – o que alguns jornalistas da época chamavam de “a bomba do fim do mundo” – foi o objetivo principal perseguido pelas duas superpotências. Ter uma arma com essa característica representava a garantia de não ser atacado pelos países rivais, sob o risco de desencadear um “holocausto nuclear” generalizado. Sendo mais poderosa que as bombas de fissão nuclear (como as de Hiroshima e Nagasaki), a bomba termonuclear de Hidrogênio tornou-se a opção viável de manter esse equilíbrio funesto. 

A Tsar foi desenvolvida por um grupo de cientistas russos, que incluía o Nobel da Paz (1975) Andrei Sarkharov. Foi testada uma única vez em uma ilha deserta de Nova Zembla, no oceano Ártico, em outubro de 1961, durante a Guerra Fria.


Na ocasião, produziu um cogumelo de 60 mil km de altura, e pôde ser vista a 1 mil km de distância. Com 57 mil toneladas, ela foi considerada 3,8 mil vezes mais forte do que a bomba atômica jogada pelos Estados Unidos em Hiroshima, em 1945.

Relatos da época indicam que prédios que ficavam a 160 km de distância da área onde foi jogada a bomba foram danificados pela explosão.

Apesar do sucesso nos testes, a Tsar nunca chegou a ser liberada para uso operacional. O motivo disso foi o seu tamanho, que não era comportado pelos mísseis balísticos utilizados pelos russos. A bomba foi projetada para ter 100 milhões de toneladas — para se ter dimensão, nos testes, foi usada uma versão mais compacta, com 57 milhões de toneladas.

A demonstração do poder da Tsar Bomb, detonada apenas dois dias após a resolução da “Crise dos mísseis”, impôs ao mundo um novo impasse com relação a esse tipo de arma. O próprio líder do projeto, Andrei Sakharov, anos depois se tornou um dos principais ativistas contra o armamento nuclear.

Fontes:

https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/tsar-bomb-bomba-mais-potente-ja-feita.htm
https://oglobo.globo.com/fotogalerias/noticia/2023/12/06/modelo-da-bomba-nuclear-mais-poderosa-do-mundo-que-nunca-foi-liberada-para-uso-esta-em-exposicao-na-russia-fotos.ghtml

Fotos:

Explosão: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/certas-palavras/maior-bomba-de-hidrogenio/
Comparativos entre explosões:https://ahf-nuclearmuseum-org.translate.goog/ahf/history/tsar-bomba/?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt-BR&_x_tr_pto=sc
Lançamento: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/certas-palavras/maior-bomba-de-hidrogenio/

domingo, 20 de outubro de 2024

Para Que Serve? (Manganês)


Antes mesmo de o elemento químico em si ser descoberto, os compostos de manganês (Mn) já eram utilizados pelos humanos. Os primeiros registros são do uso do mineral pirolusita como tinta preta em pinturas rupestres de 30.000 anos, na França. 

Os egípcios e os romanos também já utilizavam o manganês como descolorante e corante de vidros, prática que ainda hoje é realizada.

Este metal de cor cinza-claro não ocorre na forma pura (elementar), mas combinado com outras substâncias, como o oxigênio, o enxofre e o cloro. Processos naturais e a atividade humana são capazes de modificar seus compostos. 

De forma acidental, o gás cloro foi descoberto no século XVIII pela reação entre MnO₂ e uma mistura de ácido sulfúrico e cloreto de sódio. Assim, o uso do manganês na produção em larga escala do gás cloro e de soluções alvejantes foi a primeira aplicação industrial do elemento.

Fonte: https://inside.lgensol.com/en/2022/07/searching-for-the-origin-of-the-battery-manganese/
.
Somente em 1774 este elemento foi reconhecido como tal, pelo químico suíço Carl Wilhelm Scheele, e isolado, sob a sua forma metálica, pelo químico e mineralogista sueco Johan Gottlieb Gahn. Nesse experimento, Gahn colocou em um frasco de reação MnO₂, óleo e carvão, fechou o frasco e o aqueceu durante algum tempo. Ao final, verificou que dentro dele havia uma massa metálica muito semelhante ao ferro, que era o manganês.

No início do século XIX, os pesquisadores começaram a desenvolver formas de melhorar as propriedades do aço e a testar diferentes proporções entre os metais constituintes da liga. As primeiras patentes que indicam o uso do manganês em aço datam de 1800. O manganês é adicionado ao aço como elemento de liga para melhorar sua resistência, dureza e resistência ao desgaste. 

Atua como um desoxidante, removendo impurezas como enxofre e oxigênio do aço e ajuda a formar uma estrutura de grão fino. O manganês também ajuda a melhorar as propriedades de trabalho a quente do aço e pode retardar o aparecimento de rachaduras durante o resfriamento. 

A adição de manganês ao aço também pode aumentar sua resistência à corrosão e proporcionar uma melhor combinação de ductilidade e tenacidade. No geral, o manganês é um componente muito importante de muitos tipos diferentes de aço e é usado para melhorar uma variedade de suas propriedades.

A origem do nome manganês faz referência à região de Magnésia, território que atualmente faz parte da Grécia. Nessa região, havia dois minerais de cor preta, que os populares chamavam de magnes. Um deles era a magnetita (Fe3 O₄) e o outro era a pirolusita (MnO₂), que apesar de possuírem a mesma aparência negra, tinham propriedades diferentes. Com o tempo, para diferenciar um do outro e também para distingui-los de outros compostos como a magnésia (MgO), o termo magnes foi sofrendo alterações até se tornar manganês.

Seu número atômico é 25, seu peso atômico (massa atômica relativa) é 54,938043(2), seu ponto de fusão é 1519 K (1246 °C) e seu ponto de ebulição é 2334 K (2061 °C).

É o 12° elemento mais abundante na crosta da Terra e seus principais minerais são: pirolusita, braunita, psilomelano e rodocrosita.

Mina de Kalahari, África do Sul - Fonte: https://www.mining-outlook.com/corporate-stories/kudumane-manganese-resources-the-core-of-kalahari-mining

As principais minas de manganês são encontradas na Rússia, África do Sul, Austrália, Ucrânia e Geórgia. Cerca de 25 milhões de toneladas são extraídas atualmente das reservas, gerando aproximadamente cinco milhões de toneladas do metal. 

No Brasil, existem duas minas de extração de manganês que concentram cerca de 90% de toda a produção do país. Elas estão localizadas em Corumbá (MS) e na Mina do Azul, no Pará. Também pode ser encontrado no fundo dos oceanos, e estima-se que a quantidade do elemento sob os mares é muito superior àquela descrita para as reservas terrestres.

Como a siderurgia representa uma importante fração do setor industrial nacional, o país tem um alto consumo, sendo necessário importá-lo. A nível mundial, o Brasil é o décimo colocado na lista de países importadores de manganês.

A sua versão inorgânica (retirado de rochas) é usada na fabricação de ligas metálicas, especialmente aços, em pilhas, palitos de fósforo, vidros, fogos de artifício, na indústria química, de couro e têxtil, e como fertilizante. O permanganato de potássio é usado como oxidante, branqueador e no tratamento de doenças da pele. 

As formas orgânicas são usadas em fungicidas e inibidores de fumaça, entre outros usos. O metal é utilizado também em pequenas quantidades no medicamento mangafodipir trissódio (MnDPDP) como contraste na imagem por ressonância magnética (IRM). 

O composto orgânico tricarbonil metilciclopentadienil manganês (TMM) é um líquido volátil de coloração laranja, insolúvel em água, com odor de ervas e usado como aditivo na gasolina nos Estados Unidos.

O manganês possui importante papel para animais, seres humanos e vegetais. Trata-se de um nutriente essencial para os seres vivos, pois faz parte de uma diversidade de processos enzimáticos.

Nos vegetais, participa do crescimento e assimilação de nitratos nas plantas verdes e nas algas. Muitas enzimas contêm átomos de manganês, como as utilizadas no processo de fotossíntese, com ação de converter moléculas de água em oxigênio.

De modo geral, os solos são deficientes em manganês. Porém, como este é um elemento importante para a saúde das plantas, é normalmente adicionado aos fertilizantes e às rações de animais em pastejo.

Nos humanos e animais, o manganês faz parte do ciclo de funcionamento de diversas enzimas, participando de processos de síntese do colesterol e dopamina, por exemplo. No organismo humano, a ingestão adequada de manganês auxilia na composição e fortalecimento dos ossos e faz parte do processo de assimilação da vitamina B1.

A forma do manganês biologicamente útil ocorre em estado de oxidação +2. Sob outras formas e em altas concentrações, o elemento pode ser tornar tóxico, afetando o cérebro e o trato respiratório. 

Alguns sintomas de intoxicação por manganês são esquecimento, alucinações, danos neurais, Parkinson, embolia pulmonar e bronquite.

Fontes:

https://cetesb.sp.gov.br/laboratorios/wp-content/uploads/sites/24/2021/05/Mangane%CC%82s.pdf
https://mundoeducacao.uol.com.br/quimica/manganes.htm
https://www.tabelaperiodica.org/manganes/

domingo, 15 de dezembro de 2019

Para que serve? (Césio)

Encontrado em Heidelberg, Alemanha, no ano de 1860 pelos cientistas Kirchoff e Bunsen, o césio foi o primeiro elemento a ser descoberto por espectroscopia, através da análise do espectro de água mineral. Seu nome tem origem do latim “caesius”, que significa céu azul, em função tanto do metal quanto de seus compostos emitirem uma luminosidade de coloração azul. Atualmente é obtido do mineral polucita, por eletrólise do cloreto ou cianeto de césio fundido.

Polucita

Quimicamente, é um metal capaz de formar vários sais, reage violentamente e exotermicamente com ácidos concentrados e diluídos, com água, ainda serve como catalisador na hidrogenação catalítica na síntese orgânica. Se funde na temperatura da mão e juntamente com o Ga e Hg são os únicos metais líquidos na temperatura ambiente (acima de 28,5°C). O hidróxido de césio obtido, ( CsOH ) é a base mais forte conhecida e ataca o vidro.

Aparelho de radioterapia

Este elemento químico é representado pela sigla Cs, apresentando um número atômico igual a 55, o que indica que ele apresenta em seu núcleo 55 prótons e 55 elétrons em seus orbitais atômicos. Entretanto, em relação ao número de nêutrons existente no seu núcleo, é necessário que saibamos qual é o número de massa de cada átomo de césio. No caso do césio existem vários isótopos (número de massa variando de 129 a 137), veja alguns deles:
Césio 133: utilizado na construção de relógios atômicos. É o único isótopo natural do Césio.
Césio 134 e 135: utilizados para determinar a quantidade de Césio produzida em uma indústria nuclear.
Césio 137: utilizado em equipamentos de radioterapia.

Acidente radioativo de Goiânia

No Brasil, o vazamento do material em 1987, foi considerado um dos maiores desastres radiológicos da história. O caso aconteceu em Goiânia, após dois catadores de lixo entrarem em contato com uma porção de cloreto de césio, o césio-137. O componente químico ficava dentro de um aparelho de tratamento de câncer, que estava em uma clínica abandonada na capital de Goiás. Foram necessários apenas 16 dias para que o “brilho da morte”, como a substância ficou popularmente conhecida, matasse quatro pessoas e contaminasse centenas.

Relógio atômico em Praga

Suas principais aplicações são:

– em relógios atômicos; para se ter uma altíssima precisão em medidas de tempo,
– lâmpadas de infravermelho,
– células fotoelétricas e tubos à vácuo,
– em catálise de hidrogenação de compostos orgânicos,
– em fluídos de perfuração; principalmente na indústria do petróleo e gás,
– na fabricação de vidros especiais para aplicações ópticas,
– equipamentos de monitoração de radiação,
– cloreto, sulfato de trifluoroacetato de césio são usados em procedimentos que envolvem ultracentrifugação; como por exemplo, em casos nos quais se deseja obter o isolamento de partículas virais,
– o isótopo radioativo césio-137 tem uso na medicina e como emissor gama em aplicações industriais,
– sistemas de propulsão iônica espacial

O césio é encontrado principalmente no Canadá, Estados Unidos, África Austral e Zimbábue

Referências:


Fontes de imagens por ordem de exibição:


domingo, 11 de agosto de 2019

Para que serve? (Nióbio)

De todo o nióbio que existe no planeta 98,2% está no Brasil. Nossas reservas têm o equivalente a 842 milhões de toneladas do metal, que valem inacreditáveis US$ 22 trilhões: o dobro do PIB da China, ou duas vezes todo o petróleo do pré-sal. Por isso, há quem diga que o nióbio pode ser a salvação do Brasil, a chave para o país se desenvolver e virar uma potência global. Mas não é bem assim. Apesar de ser um produto muito interessante e estratégico, o minério está longe de ser a solução para os nossos problemas econômicos. Embora seja muito útil e valioso e renda US$ 2 bilhões em exportações por ano para o país, o nióbio não é insubstituível. Para fazer crescer seu mercado e desenvolver novas utilizações é necessário investir US$ 150 milhões por ano em tecnologia.

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Sua primeira grande reserva do planeta foi descoberta no Brasil em 1960 na cidade de Araxá, a 360 km de Belo Horizonte. Em 1965, o almirante americano Arthur W. Radford, integrante do conselho da mineradora Molycorp, convidou o banqueiro brasileiro Walther Moreira Salles para montar uma empresa de extração e refino do nióbio. A Molycorp tinha acabado de comprar algumas minas em Araxá. O brasileiro topou, então nasceu a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM). Hoje sabe-se que só o que temos em Minas Gerais e Goiás já é suficiente para abastecer toda a demanda mundial pelos próximos 200 anos. Os maiores compradores do minério são China, EUA e Japão.

CBMM Araxá (Foto: roskil.com)

Descoberto por C. Hatchett em 1801, o metal somente foi isolado em 1864 por C.W. Blomstrand por redução do cloreto de nióbio com hidrogênio. Hoje é obtido pela redução do Nb2O5 com alumínio. Suas propriedades químicas são muito similares ao tântalo e sua separação deste só é possível com a utilização de solventes orgânicos como a metilisobutilcetona. É um metal branco prateado, brilhante, estável ao ar e não é atacado por HCl, H2SO4 e HNO3. Dissolve-se facilmente na mistura de HNO3/HF.

Jazida de Catalão, Goiás (Foto: folhauol.com.br)

O minério dúctil passa a adquirir uma coloração azulada quando em contato com o ar em temperatura ambiente após um longo período. Suas propriedades químicas são muito semelhantes às do tântalo, que está situado no mesmo grupo. O metal começa a oxidar-se com o ar a 200°C e seus estados de oxidação mais comuns são +2, +3 e +5. Este minério se converte num supercondutor quando reduzido a temperaturas criogênicas. Na pressão atmosférica, tem a mais alta temperatura crítica entre os elementos supercondutores, 9,3 K. Além disso, é um dos três elementos supercondutores que são do tipo II (os outros são o vanádio e o tecnécio), significando que continuam sendo supercondutores quando submetidos a elevados campos magnéticos.

Viaduto de Millau na França tem nióbio em sua estrutura (Foto: leparisien.fr)

O nióbio apresenta numerosas aplicações. É usado em alguns aços inoxidáveis e em outras ligas de metais não ferrosos. Estas ligas devido à resistência são geralmente usadas para a fabricação de tubos transportadores de água e petróleo a longas distâncias. Segue abaixo outras utilizações:

• Usado em indústrias nucleares devido a sua baixa captura de nêutrons termais.
• Usado em soldas elétricas.
• Devido a sua coloração é utilizado, geralmente na forma de liga metálica, para a produção de joias como, por exemplo, os piercings.
• Quantidades apreciáveis de nióbio são utilizadas em superligas para fabricação de componentes de motores de jatos, subconjuntos de foguetes, ou seja, equipamentos que necessitem altas resistências a combustão. Pesquisas avançadas com este metal foram utilizados no programa Gemini.
• O nióbio está sendo avaliado como uma alternativa ao tântalo para a utilização em capacitores.

A SpaceX também usa nióbio em seus foguetes (Foto: teslarati.com)

O metal de transição localizado na família 5-B da tabela periódica, é duro e resistente ao calor e a oxidação. Seu símbolo é Nb, possui número atômico 41, e configuração eletrônica 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d104p6 5s2 4d3, massa atômica 92,90u, ponto de fusão 2477°C, ponto de ebulição 4744°C.

Fontes:

domingo, 23 de junho de 2019

A Influência da Lua Sobre a Terra

Muitas linhas de estudo indicam que a Lua foi derivada da Terra depois de um impacto singular sofrido pelo planeta logo após sua formação. Como resultado, a evolução subsequente da Terra e o surgimento e desenvolvimento da vida foram fortemente influenciados pela presença de seu satélite natural.


Talvez a manifestação mais óbvia da influência da Lua sobre a Terra sejam as marés oceânicas. A subida e descida regular do nível do mar cria um ambiente único no Sistema Solar, onde a vida é exposta tanto à imersão na água quanto à exposição ao ar em poucas horas. Essa interface entre dois nichos ecológicos distintos é considerada por muitos como crucial em termos evolucionários.

Esta é uma condição na qual os organismos podem experimentar as tensões e esforços de um mundo alienígena antes de retornar com segurança ao seu habitat aquático, mudanças que possivelmente promovem a alteração e / ou migração destes organismos de um ambiente para outro, ou seja, do mar para a terra.


A lua tem um diâmetro de cerca de 3.475 quilômetros. Sua força também está diminuindo a rotação da Terra, um efeito conhecido como frenagem de maré, que aumenta a duração de nossos dias em 2,3 milissegundos por século. A energia que a Terra perde é captada pela Lua, aumentando sua distância do planeta azul, o que significa que nosso satélite natural se afasta mais de 3,8 centímetros por ano. Sua força gravitacional pode ter sido a chave para tornar a Terra um planeta habitável, moderando seu  grau de oscilação na inclinação axial, o que o levou a um clima relativamente estável ao longo de bilhões de anos, onde a vida poderia florescer.

Existem algumas crenças relacionadas à Lua nunca confirmadas pela ciência, como que cortar o cabelo em sua fase Crescente apressa o crescimento; no período de Cheia, aumenta o volume; em Lua Nova, fortalece as raízes e em Minguante, os fios enfraquecem e caem. Dizem também que ela influi na germinação e no desenvolvimento dos vegetais, no humor das pessoas, na gestação e no parto, entre outras coisas. 

Fontes: