Antes mesmo de o elemento químico em si ser descoberto, os compostos de manganês (Mn) já eram utilizados pelos humanos. Os primeiros registros são do uso do mineral pirolusita como tinta preta em pinturas rupestres de 30.000 anos, na França.
Os egípcios e os romanos também já utilizavam o manganês como descolorante e corante de vidros, prática que ainda hoje é realizada.
Este metal de cor cinza-claro não ocorre na forma pura (elementar), mas combinado com outras substâncias, como o oxigênio, o enxofre e o cloro. Processos naturais e a atividade humana são capazes de modificar seus compostos.
De forma acidental, o gás cloro foi descoberto no século XVIII pela reação entre MnO₂ e uma mistura de ácido sulfúrico e cloreto de sódio. Assim, o uso do manganês na produção em larga escala do gás cloro e de soluções alvejantes foi a primeira aplicação industrial do elemento.
.
Somente em 1774 este elemento foi reconhecido como tal, pelo químico suíço Carl Wilhelm Scheele, e isolado, sob a sua forma metálica, pelo químico e mineralogista sueco Johan Gottlieb Gahn. Nesse experimento, Gahn colocou em um frasco de reação MnO₂, óleo e carvão, fechou o frasco e o aqueceu durante algum tempo. Ao final, verificou que dentro dele havia uma massa metálica muito semelhante ao ferro, que era o manganês.
No início do século XIX, os pesquisadores começaram a desenvolver formas de melhorar as propriedades do aço e a testar diferentes proporções entre os metais constituintes da liga. As primeiras patentes que indicam o uso do manganês em aço datam de 1800. O manganês é adicionado ao aço como elemento de liga para melhorar sua resistência, dureza e resistência ao desgaste.
Atua como um desoxidante, removendo impurezas como enxofre e oxigênio do aço e ajuda a formar uma estrutura de grão fino. O manganês também ajuda a melhorar as propriedades de trabalho a quente do aço e pode retardar o aparecimento de rachaduras durante o resfriamento.
A adição de manganês ao aço também pode aumentar sua resistência à corrosão e proporcionar uma melhor combinação de ductilidade e tenacidade. No geral, o manganês é um componente muito importante de muitos tipos diferentes de aço e é usado para melhorar uma variedade de suas propriedades.
A origem do nome manganês faz referência à região de Magnésia, território que atualmente faz parte da Grécia. Nessa região, havia dois minerais de cor preta, que os populares chamavam de magnes. Um deles era a magnetita (Fe3 O₄) e o outro era a pirolusita (MnO₂), que apesar de possuírem a mesma aparência negra, tinham propriedades diferentes. Com o tempo, para diferenciar um do outro e também para distingui-los de outros compostos como a magnésia (MgO), o termo magnes foi sofrendo alterações até se tornar manganês.
Seu número atômico é 25, seu peso atômico (massa atômica relativa) é 54,938043(2), seu ponto de fusão é 1519 K (1246 °C) e seu ponto de ebulição é 2334 K (2061 °C).
É o 12° elemento mais abundante na crosta da Terra e seus principais minerais são: pirolusita, braunita, psilomelano e rodocrosita.
Mina de Kalahari, África do Sul - Fonte: https://www.mining-outlook.com/corporate-stories/kudumane-manganese-resources-the-core-of-kalahari-mining
As principais minas de manganês são encontradas na Rússia, África do Sul, Austrália, Ucrânia e Geórgia. Cerca de 25 milhões de toneladas são extraídas atualmente das reservas, gerando aproximadamente cinco milhões de toneladas do metal.
No Brasil, existem duas minas de extração de manganês que concentram cerca de 90% de toda a produção do país. Elas estão localizadas em Corumbá (MS) e na Mina do Azul, no Pará. Também pode ser encontrado no fundo dos oceanos, e estima-se que a quantidade do elemento sob os mares é muito superior àquela descrita para as reservas terrestres.
Como a siderurgia representa uma importante fração do setor industrial nacional, o país tem um alto consumo, sendo necessário importá-lo. A nível mundial, o Brasil é o décimo colocado na lista de países importadores de manganês.
A sua versão inorgânica (retirado de rochas) é usada na fabricação de ligas metálicas, especialmente aços, em pilhas, palitos de fósforo, vidros, fogos de artifício, na indústria química, de couro e têxtil, e como fertilizante. O permanganato de potássio é usado como oxidante, branqueador e no tratamento de doenças da pele.
As formas orgânicas são usadas em fungicidas e inibidores de fumaça, entre outros usos. O metal é utilizado também em pequenas quantidades no medicamento mangafodipir trissódio (MnDPDP) como contraste na imagem por ressonância magnética (IRM).
O composto orgânico tricarbonil metilciclopentadienil manganês (TMM) é um líquido volátil de coloração laranja, insolúvel em água, com odor de ervas e usado como aditivo na gasolina nos Estados Unidos.
O manganês possui importante papel para animais, seres humanos e vegetais. Trata-se de um nutriente essencial para os seres vivos, pois faz parte de uma diversidade de processos enzimáticos.
Nos vegetais, participa do crescimento e assimilação de nitratos nas plantas verdes e nas algas. Muitas enzimas contêm átomos de manganês, como as utilizadas no processo de fotossíntese, com ação de converter moléculas de água em oxigênio.
De modo geral, os solos são deficientes em manganês. Porém, como este é um elemento importante para a saúde das plantas, é normalmente adicionado aos fertilizantes e às rações de animais em pastejo.
Nos humanos e animais, o manganês faz parte do ciclo de funcionamento de diversas enzimas, participando de processos de síntese do colesterol e dopamina, por exemplo. No organismo humano, a ingestão adequada de manganês auxilia na composição e fortalecimento dos ossos e faz parte do processo de assimilação da vitamina B1.
A forma do manganês biologicamente útil ocorre em estado de oxidação +2. Sob outras formas e em altas concentrações, o elemento pode ser tornar tóxico, afetando o cérebro e o trato respiratório.
Alguns sintomas de intoxicação por manganês são esquecimento, alucinações, danos neurais, Parkinson, embolia pulmonar e bronquite.
Fontes:
https://cetesb.sp.gov.br/laboratorios/wp-content/uploads/sites/24/2021/05/Mangane%CC%82s.pdf
https://mundoeducacao.uol.com.br/quimica/manganes.htm
https://www.tabelaperiodica.org/manganes/
Nenhum comentário:
Postar um comentário