quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Quando Foi Implantado O Calendário Que Usamos?


O calendário que utilizamos hoje teve o uso autorizado pelo Papa Gregório XIII (1502-1585), que assinou um documento determinando uma reforma na maneira de contar o tempo. Surgia aí o calendário gregoriano. 

Para aquele ano, ficava determinado um ajuste nas datas — o dia seguinte ao 4 de outubro, quinta-feira, não seria a sexta-feira, 5 de outubro, mas, sim, a sexta-feira, 15 de outubro de 1582. O motivo da mudança se deu pelo fato de que há séculos estudiosos vinham alertando que o calendário vigente estava obsoleto — com o passar do tempo, cada vez menos a contagem dos dias correspondia aos fatos do calendário solar, dos equinócios e às próprias estações do ano.

Juliano era o calendário utilizado até então, um legado da Roma antiga, praticado desde cerca do ano de 45 a.C.. O mesmo já havia passado por alguns ajustes para tentar corrigir desvios ou para render homenagens a imperadores romanos que passaram a emprestar seus nomes a alguns meses.

A solução adotada por Gregório XIII foi sofisticada por dois motivos: ela remediava o estrago já feito, ao "pular" dez dias e, assim, ajustar novamente a contagem humana de forma correspondente à natural; e prevenia novos desarranjos, ao melhorar a regra, já adotada, do ano bissexto. O ano bissexto, ou seja, esse acréscimo de um dia a mais no calendário de tempos em tempos, foi criado juntamente com o calendário juliano.

Já se tinha percebido, portanto, que o ano não tinha exatamente 365 dias, mas um pouquinho a mais. Se colocado esse dia a mais de vez em quando, pronto, o ajuste ficava feito. Mas era muito impreciso o conhecimento astronômico da época. Assim, o tal dia acrescido já foi a cada três anos, depois a cada quatro.

Por motivos políticos e desencontros, houve épocas em que simplesmente essa mudança não ocorria. Dezesseis séculos depois, era de se imaginar como as coisas estavam desarranjadas. Mas, graças a uma comissão científica convocada pelo Papa Gregório, descobriu-se que, se a adoção de um dia ocorresse simplesmente a cada quatro anos, com o passar do tempo, a conta não iria fechar de novo.

O calendário gregoriano tem os mesmos dias que o calendário juliano, mas a contagem dos anos bissextos é diferente. Os anos bissextos acontecem a cada 4 anos nos dois calendários, mas enquanto no calendário juliano a cada 4 anos é sempre ano bissexto, no calendário gregoriano existe uma regra que diz que os anos bissextos acontecem a cada 4 anos, mas com a condição de que esse ano seja múltiplo de 4 e 400, mas não seja divisível de 100. Por esse motivo, atualmente os dois calendários estão com uma diferença de 13 dias. 

Referências:

https://www.calendarr.com/brasil/calendario-juliano/
https://www.terra.com.br/noticias/calendario-gregoriano-como-papa-gregorio-13-mudou-contagem-dos-dias-ha-440-anos,6c3e64fd0bb24bf8d03b2ec7c669acd73ubgzibs.html#google_vignette

domingo, 29 de dezembro de 2024

A Origem Dos Fogos De Artifício


A pirotecnia tem origem milenar: o conceito dos fogos de artifício é mais antigo que a própria descoberta da pólvora. 

No século II a.C., na China, era comum jogar pedaços de bambu-verde em fogueiras durante festividades. A planta tem bolsas de ar no interior do caule que se formam durante o crescimento, e quando jogada no fogo, essas bolsas incham e estouram, gerando um som de estalo. Os chineses acreditavam que esse barulho alto espantava maus espíritos – até hoje as comemorações de Ano-Novo por lá contam com fogos e estalinhos para afastar os espíritos e começar bem o ano.

A química ainda não existia como ciência na época, e a pólvora – principal componente do fogo de artifício – foi descoberta na China apenas no século IX, quando um alquimista chinês juntou, acidentalmente, salitre, enxofre e carvão e aqueceu a mistura (a pólvora tem uma composição típica de 75% de nitrato de potássio, 15% de carvão e 10% de enxofre). Os primeiros mestres pirotécnicos eram, na verdade, alquimistas que mantinham em segredo as suas receitas geradoras de fogos coloridos.

Aliás, a coloração que vemos durante a queima dos fogos é produzida a partir do uso de diferentes sais em reação ao calor liberado nas explosões da pólvora. O vermelho, por exemplo, é produzido utilizando-se sais de estrôncio ou de lítio. Já o laranja, em geral, é produzido a partir dos sais de cálcio, entre eles o cloreto de cálcio. Para o amarelo, é usado o cloreto de sódio, para o verde, o cloreto de bário e o azul vem do cloreto de cobre.

Parte desses sais é encontrada na natureza e obtidos diretamente pela extração ou mineração. Outros precisam ser produzidos e fornecidos pelas indústrias de cloro-álcalis utilizando-se diferentes metodologias, entre elas o processo conhecido como eletrólise, que consiste na passagem de corrente pela salmoura, solução de água e de sais.

Nem todos se alegram com a queima de fogos, especialmente pessoas do espectro autista e animais que possuem uma audição apurada, como os cães. Por conta disso, muitas cidades têm restringido esta prática. Mas isso não significa o fim do espetáculo. Há diversas opções de fogos que produzem apenas efeitos visuais, sem estampido ou com barulho de baixa intensidade. 

Além dos bem conhecidos problemas de segurança, a beleza dos fogos de artifício tem outro senão: a poluição. E há esforços no sentido de encontrar a fórmula adequada para um fogo de artifício mais amigo do ambiente. Assim, em alguns espetáculos, os foguetes são enviados para o ar graças a um sistema de gás compressor, o que evita a utilização da pólvora no momento do lançamento. Desta forma, diminui a libertação de gases poluentes como o NOx, CO e SOx. Também os percloratos utilizados como explosivos no interior das estrelas são identificados como prejudiciais à saúde humana e, por isso, os químicos têm procurado substituí-los.

Os compostos com elevada percentagem de nitrogênio, como os derivados do triazol e da tetrazina (FIGURA 3), ou de oxigênio, como a nitrocelulose, têm-se revelado muito eficazes nesta área, proporcionando quase sempre uma combustão completa, praticamente sem libertação de fumos – o que permite diminuir também a quantidade de sais e intensificadores de cor utilizados. Tudo para que seja possível admirar um espetáculo de fogo de artifício, livre de sentimentos de culpa!

Referências:

https://www.abiclor.com.br/fogos-de-artificio-o-espetaculo-dos-cloretos/
https://rce.casadasciencias.org/rceapp/art/2019/011/
https://super.abril.com.br/historia/os-primeiros-fogos-de-artificio-eram-bolsoes-de-ar-estourando-em-caules-de-bambu

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

A Normalização Das Doenças Mentais E A Falta De Amparo


É cada vez mais comum pessoas precisarem de algum tipo de medicamento para poder dormir algumas horas de sono, ou para tratar doenças como depressão, ansiedade e outros tipos de transtornos mentais. Um dos maiores problemas que portadores destas doenças enfrentam, além dos sintomas, é atualmente a normalização patológica. As pessoas já começaram a se acostumar com o fato do transtorno de ansiedade se tornar corriqueiro. Já estão normalizando a situação e minimizando o problema. Não importa se está todo mundo doente, mais ansioso ou sofrendo com algum transtorno. Não faz diferença quem sofre mais ou menos, pois a doença está sendo vista como algo normal e isso é muito perigoso.

Existe uma quantidade muito grande de pessoas que desenvolveram quadros de ansiedade e depressão. Além daquelas que já tiveram esse problema antes da pandemia e, mesmo com a situação controlada, voltaram a ter crises mais frequentes e intensas. Há estimativa de aumento de 25% dos casos em todo o mundo, fato direto que expõe o adoecimento populacional. E isso tem agravado, principalmente, na saúde mental de crianças e adolescentes.

O despreparo da sociedade e até mesmo de parte de alguns profissionais da saúde traz ainda mais sofrimento quando esses resolvem achar que estão ajudando dizendo frases como: "você é forte", "você é jovem", "você tem tudo", "tem gente em situação bem pior". 

A exigência social de que a pessoa esteja sempre em sua melhor forma transforma oscilações emocionais naturais, como a angústia e a ansiedade, em problemas que precisam ser erradicados. Porém, esses sentimentos só constituem transtornos mentais quando se tornam incapacitantes para a pessoa durante um longo período.

A pessoa saudável é incapaz de compreender a intensidade e permanência do sofrimento do outro, pois a depressão que ela diz ter experimentado não foi da mesma maneira e intensidade. A consequência da banalização dos transtornos mentais, nesses casos, é o afastamento. O doente perde cada vez mais esperança de ser compreendido e fica isolado.

Enquanto o menosprezo social atua sobre as doenças mentais, o sofrimento cresce. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a principal causa de incapacidade no mundo é a depressão, com uma estimativa de mais de 300 milhões de doentes. Além disso, cerca de 60 milhões de pessoas no mundo sofrem com transtorno afetivo bipolar. Já a esquizofrenia afeta em torno de 23 milhões de pessoas em todo o planeta.

O relatório também mostra que uma pessoa comete suicídio a cada quatro segundos no mundo. Isso corresponde a 800.000 mortes por ano. Os dados são referentes a 2016 e o número é superior aos óbitos por malária, câncer de mama, guerra ou homicídio e significa “um sério problema de saúde pública global”. O suicídio é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo, atrás apenas de acidentes de trânsito. Há evidência que sugere que, para cada pessoa que morre por suicídio, há estimativa de que outras 20 pessoas tentam cometê-lo.

Além de tudo, existe ainda por parte do portador de transtornos mentais, a dificuldade em se manter empregado e até mesmo de conseguir algum benefício. É o caso de C.E., profissional do norte de Santa Catarina, demitido após ter sofrido uma crise de pânico na empresa em que trabalhava. Ainda que tenha se aberto com seu chefe e dito que já estava iniciando um tratamento, o desligamento foi inevitável. 

Mesmo com o laudo médico e psicológico apontando as doenças que o impediam de trabalhar, ainda assim, por duas vezes os peritos negaram o auxílio-doença, ignorando completamente a opinião do psiquiatra e da psicóloga. Agora C.E. se encontra sem condições de trabalhar, tomando medicamentos caros e sem um amparo do governo. O mesmo alega que a situação tem se agravado bastante com a atual situação e que pensamentos como morte têm surgido como "solução" para os seus problemas.

Referências:

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/setembro/na-america-latina-brasil-e-o-pais-com-maior-prevalencia-de-depressao

https://lacosfaesa.com.br/2022/11/04/a-normalizacao-das-doencas-mentais/